sexta-feira, 28 de maio de 2010

"Já não tens tantas verdades pra dizer, nem tampouco mais maldades pra fazer..."


Eu não fui embora. Você foi quem me abandonou. Deixou pra trás como quem esquece o leite no fogo e como quem se esquece de ler as correspondências. Como quem ama pra vida inteira, findávelmente!


"...que a vida é breve, e o amor mais breve ainda!"

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Eu sou invisível?


Eu vou aproveitar enquanto você foi ali e não volta mais, pra construir uma seqüência de dominó. O efeito não será lento! Enquanto você finge que eu não existo, eu vou disfarçar meus verbos e inventar alguma nova preposição que ligue o que fui e o que esqueceram de mim. Enquanto você prefira o silencio, eu vou tentar entender o Dylan, Yes and how many times can a man turn his head, retend that he just doesn't see? Enquanto você vai tentando me esconder, eu vou aos poucos esquecendo.

"Acabou-se contigo meu tempo de amar."


Eu nada tenho de sua amante. Eu não sujo os teus lençóis e não sou tuas madrugadas. E por tanto respeite o meu colo, respeite meu nome, respeite a cima de tudo a porta que eu bati antes de sair! Dignamente eu te amei quem sabe por uma noite, mas antes mesmo de você voltar a esconder os lençóis, eu te deixei. E deixei junto a cama todas as iludidas vontades que tive, larguei em algum canto da casa as promessas e contos. Eu fiz questão de devolver-te o tempo que você foi meu, esses segundos podem lhe fazer falta. E sobre os meus instantes, eles sim foram fieis a mim!


"Parte! Destruíste um amor que era obra de arte. É melhor ir embora pra não mais voltar, porque da solidão já sou porta estandarte e uma separação não vai mais me abalar..."

segunda-feira, 24 de maio de 2010

“Mas a vida é real e de víeis, e ver só que cilada o amor me armou...


...Eu te quero (e não queres) como sou, não te quero (e não queres) como és”

O que restou? Sempre resta alguma coisa boa. Quem sabe sobrou de nós os passos na praia e o por do sol no rio. Duas ou três flores de urtigas que coloquei no cabelo. Sobrou uma brasa da fogueira, um galho ainda verde, sobrou uma música do Lulu Santos que você sempre cantava. Sobrou a volta silenciosa pelo canavial. Algumas palavras que não devem ser ditas para que possam sobrar coisas boas disso! Restou um quarto vazio, um vinho na geladeira, a vontade de dizer o quanto eu ainda o amo. Restaram algumas ondas que vai rolar quando voltar e aquele horizonte no mar no qual o olha fixamente sem saber o que procura achar. Restaram as letras do Caetano, os olhares na mesa, as tarde de trabalho e as mãos dadas voltando para casa pela praia. Restou uma vontade de ficar mais algum tempo, e restou esse estranho amor...

Aprendi a fazer feijão, temperado com vida!


Eu esperava no mínimo um abraço verdadeiro, mas como você estava ocupado com essas coisas do outro mundo, eu fui cozinhar pros meus fantasmas e não esperei desde então alguma coisa de amor! Aproveitando que você me esqueceu, eu me lembrei de colocar o feijão de molho e separar os grãos não pelos imperfeitos, mas pelos que valem apena! E agora que você matou alguma coisa que estava germinando, eu plantei meu pé de batata doce, agüei a roseira do visinho e subi no pé de feijão... Sabe-se lá o tamanho do destino que a gente tem que enfrentar! Hoje era pra seu um dia triste, mas choveu e logo o Sol voltou!

“She’s only happy in the Sun”

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Eu já não dou frutos, mas minhas raízes ainda estão verdes.


Acho que envelheci dez anos nessa ultima noite. A minha maturidade juvenil germinou rápido demais para os meus jeans e meus rabiscos. Eu amadureci minhas escolhas e pintei a óleo os meus sentimentos ainda verdes! Eu tenho um filho e vou ser matriarca das responsabilidades que colhi em um pomar cheio de cores que fui, cheio de frutos. A Maçã inclusive por quem tenho um carinho especial, a qual tem um pecado peculiar, um pecado meu... O pecado que sou eu! Eu acho que envelheci 24 horas nesse último segundo. Eu poupei meus instantes, meu relógio parou e meu cabelo vem ficando a cada momento mais vermelho.

Raiz


Como resultado de um pensamento e quem sabe de uma construção lógica do raciocínio, vou confundir agora as árvores que plantei. Eu já não dou frutos, mas minhas raízes ainda estão verdes para se entregar. Resistente como uma pluma que tão jogral flutua sem fado, negar-me-ei a tua gramática sínica, a essa tua gramática tão pobre de pronomes, com sujeitos oblíquos. Um dia quem sabe, vou plantar um ipê sem cores, com pétalas alvejadas, sem cheiro, ofertando-lhe isto sem raiz alguma!